terça-feira, 6 de outubro de 2009

étrange... (première leçon)

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teus rebuscados anos de vida me fazem inspirar um ar puro de junventude
teu vernáculo me contenta com luz inescrutável
o que tu vistes e amaldiçoastes, bendisseste e repugnaste?
tuas rugas são vindimas flertando minha garganta,
a sabedoria nobre de uma vida infame...
quem sou eu para te elogiar sem a sensualidade de um pagão,
comunista inveterado a invetarar a desrazão
tua pele acarvalhada desdobra uma esperança pueril...
fizeste estrangeira a província de tuas passadas
e toda a minha breguice não contentará tua distância
minhas infâmias girarão como reús inocentados
alegres, vibrantes entusiastas, talvez doentes
tu tens o tom da desgraça, da infância ilustrada e embebida de gáudio
deixa o plágio da ternura para mim, teu desgraçado e seguidor
teu contente cantador de perjúrios e sarcasmos
quem é capaz de conter o medíocre que nos rege?
nada... mas risonho é o deus que te espera,
como a floresta dispensa exageros ao vento,
cospe o sumo divino do gasto,
deita sobre a Terra, verde, sufocando o concreto banal... efêmero ruído dos pequenos
faria um elenco interminável de sons a dizer-te sim!
mas não aguento a surdez das palavras
calo, sem dizer adeus, gritando em mínimos vocábulos de gratidão...
segue... segue teu sotaque de outrém, desconhecido como o múrmurio de além...
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(à mon maître...)

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