Quando os olhos se enchem por dentro.
um lugar sonha. Põe-me os pés de molho.
põe-se num facho de luz a tocar os pés e a expandir-se.
o lugar do sonho a enterrar o sonho.
a mansarda de um nômade a manobrar a matéria semiviva do corpo.
Onde surge o desconhecido. Onde um sentimento a menos basta.
Onde os olhos doídos não se fecham mais em águas.
É a sincronia do retardo, a máxima.
As água, os olhos, os sonhos... Apodreceram.
O corpo não responde mais a ilhada, não sangra mais,
Não pede mais. Eviscera a palavra Nada, quase toda palavra.
Os olhos, meus olhos, me olham com ares de certeza. Sem raios.
Só a carcaça.
Tem no mundo mais que a besteira de doer e não doer?
Tem mais que a de pensar ou não pensar?
Pois tem a de estar e não estar. E a pior, a de ser.
Mas o mundo está nem aí, está só, na ideia do lobo,
Do dia, da gota, do beijo, da sopa e da linha absorta do tempo.
No sonho, teus olhos contavam maneiras de mentir.
Dentro deles um campo extenso, dentro deles uma vida exata,
Dentro, uma vida inteira.
Havia abismos e manadas. Eu estava preso.
Havia fogo, a faísca do homem, havia carne,
havia sentido. Eu estava preso na felicidade.
A diacronia do atraso. O passado que vai passando sem passar.
O arrasto que vai cessando sem cessar.
Como revisitar o lugar amado na memória,
em que todos os sentidos se embolsam no agora, na resposta,
na besteira-vitória de estar em pleno andar e ver.
quando sabedoria não leva a nada. A Estrada não leva a nada.
A poeira sim, a levar à poeira, ao poema, ao boêmio,
ao passo mais incauto que o do primeiro macaco,
aquela ilhada - que é a alma desalmada. O símio robô
no peito a bombar as desilusões do homem.
A seriedade do olhar que recusa e mata.
O êmulo do finito quando explode em trezentos mares
Chama-se Acordar!*
*(Há um outra versão deste poema mais abaixo.
Não me importo de publicar esta edição.
Há textos que merecem um veredito.
O fiz como se fosse inédito.
Eu não lembrava do primeiro.)