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Uma ponte suspensa de não estar
de não querer estar
de não querer
Se entre um nó ou um vazio no estômago
se entre um nó na garganta está
se entre um nó apertado
se é um nó, uma ponte,
se é uma lágrima suspensa, se é querer
se está
Um estômago apertado
um quarto de Onetti fechado
um nó no vazio do estômago
um Onetti engasgado na garganta
um nó fechado onde está
A ponte suspensa na garganta
um mantra vindo da floresta
onde está suspenso um quarto fechado
um nó de Onetti no estômago
onde está o lado ao lado fechado do nó
De onde vem a sombra vem o quarto
de onde o querer enxurrado vem da garganta
se está onde o nó não está
vem a chave, não o nó, não a luz no quarto
que a luz no quarto de Onetti é como um cancro na bexiga da manhã
Nem luz nem nada nem água
só um nó no sangue da garganta
só o pó do sangue
porque nem luz nem lágrima nem nada
só um quarto suspenso de sangue, só um nó na luz
nem lágrima nem água
De onde vem onde está nem nada
vem água verter o enxurro deste tacho
vem verter o enxurro deste tacho ao lado
deste quarto estômago estouro garganta
mantra nó sangue pó e potro aleijado
De onde vem a chuva, o mantra
a chave do nó de não estar só fechado
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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Ondulado
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Hoje os olhos me ferveram de ressaca
que fiz:
arrastei meu chão
até um álcool de estrelas
derrubei um senão baixo
disse amor de repente
ouvi uma calha chorar a seca
de repente
triturei a vertigem dos celsius num copo
pedi o estupor e ganhei uma dose
de macio, arrisquei o áspero
pedi de repente
ganhei um amor
calhei a seca, fiz meus olhos num choro
esverdeei as doses de amor
fiz chorar
amaciei as sobras
que dói o calor
fiz céu no derrubar das luzes,
derrubei-me num copo de amor
calhei no teu colo de repente
amaciei o estupor
ganhei teus olhos de vez
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Quase silêncio
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Escorre ausente
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Escorre ausente
lavor na alma da língua,
que chama, clama,
reclama, emana
Que foi cama
Morna d'água
Tormenta rasa no lençol da pele
Brisa leve,
será agora augúrio?
Terra virgem,
rosa nuvem luminosa,
revés do calmo e grave negro do dia sem volta,
Volta!
Nos olhos de inseto, sob o furor do sol,
chora contra a lupa inseticida o que sei maior
Escorre ausente o verso,
o credo banido na rotina da máquina
Na sólida solidão desbastada,
a mão não acolhe o coração mole do vestígio,
nem de ouvido se afina o grito
do que era pleno,
Hoje vazio
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