debaixo de camadas e camadas
de sorte e hábito
encontra-se a cripta onde guardo
minha pequena máquina de Morel
a máquina de superar ausências
não sei como se constrói
não se perguntem
leva tempo, e com o tempo,
vai-se uma leva de amores,
e com essas setas então vazias,
vai-se o tempo de se fazer perguntas frias
também esqueço de escrever sobre mim,
a máquina sabe-me por onde descreve-me
como o lobo e a neve, como o capim e a flor,
como a vida infinita de Turguêniev
mas às vezes a terra treme, a máquina emperra
a alma geme