quinta-feira, 26 de abril de 2012

Sumô


.
.
.
Hei de andar porque tudo move
E até minhas pernas brincam aos dias.
Só tem em mim uma pedra, que se exagera.
Quer pensar. E como pesa.

É uma pedra de olhar, muda como a velhice
Mas não muda, nem pesar lhe cansa
Nem dança vem mudar. Uma pedra viva,
Que escorre no quando mais devagar, que se esconde
Num meu canto e nome vem me dar.

Não dá de rir essa esquisitice,
Ela sabe é fazer chorar. A pedra deita no sofá e
diz que de lá não sai. Que vire musgo as superfícies,
que vire muro o olhar. Só ela não se revira.
Não vê que é maluquice pedra d’água pesar.

Mas nada adianta.

Que de mais não quer saber. Que o vazio da casa
Deixe o pátio estar. Que o bem-te-vi pare.
Que o salgueiro não chore. Que a laranjeira não brote.
Em verdade, que nada cheire.
Por que em pedra tudo que é mole dói.
.
.
.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Trovinha desencantada

Não encontrei os termos do interminável,
nem achei que os fosse encontrar,
nem de saber o que procuro
nem querer nem ter nem procurar

Mais noturno que sincero,
felpa que se machuca
muro que não se fresta,
menos festa e sem futuro
Mais burro e cada vez mais besta

Deixei torto o que me tortura,
e reto o que me derrete,
e o fogo que me reputa
medo que não se endireita

Deixei palavra sobre palavra,
cada lembrança embalsamada
para na hora de não sentir nada
sentir dor da dor lembrada