quarta-feira, 7 de abril de 2010

Saara

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o rosto dela é uma criança no balanço de um pé de laranjeira
a gota cai de cada folha e morre
o dia-a-dia morno esfria e chove...
esquece o verde, a fruta e vai embora

tem estrelas dizendo á lua-cheia:
vê lá no baixo como brilha
aquela trilha, o riso lá, que se foi
onde, lua, se esconde a ilha que nela mora?

o dorso dela brinca de oriente
descansa nela a dança dela ausente
um deserto onde a sombra calma é rara
é tanto sol, Saara, é tanto sol

Um comentário:

Guilherme Franco disse...

Insistir em ti como se fosse um cheiro bom? Insistir na vida é fácil, mas e nós, mudamos? Será exato querer existir em ti? Será benéfico ler esta paixão que interpreto tua mas que no fundo é minha, só minha, bem, talvez repartidamente mútua, mas de meu lado quebrada, e fraca de abandonada, pero que ainda persiste, como se fossem os únicos olhos, como se fosse único o sol, e eu que sempre quis te ler diferente, e por isso me confundi, à toa e com lógica, me infundi em distinção e desrazão, quis esquecer até mesmo a própria língua, e certamente esqueci pra sempre a serventia da memória... Ganho este presente renovado, ela não me ama, e como tu eu resisto, cada vez mais forte e sabiamente, cada vez mais bobo e saltitante... Quis não mais ser poeta, mas quem nasceu mar...