segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Aos aflitos


Drummond, vê se me espera num futuro próximo
Não quero morrer, não, isso espere mais
De te ouvir falar do tempo e do amor é que tornei a escrever




Pés que se distraiam atentos aos dela,
Do cigarro, quase silêncio, se ouvia levemente a brasa
E do cinza, a chuva, recém nuvem, se ouvia chegar
Nos olhos que turvam sem dizer, carentes,
E Viam-se por dentro, cheios de carinho.
Dobrados ali, à distancia, mal-entendidos,
Cada destino aninhava-se

Nem quietos, nem seguros. Nem tímidos:
O que a graça de cada amante desenhava
Sobre a pele sempre amarrotada do outro. Onde toda
A infância é faminta e rápida. Onde o futuro reclama
Com força. E tudo é por um triz.

Desdenhavam e condensavam a passagem do Velho. Com a voz
Suave, de repente trêmula, explicavam o amor que não sabiam
Com lágrimas puras e remotas. Poderiam dizer mais, mas
Não caberiam no que tinham de dizer.

Cegos. Acordavam das mãos. Desmentiam-se
Nas entrelinhas. Corriam de suas ilhas. Se abatidos na
Tempestade do amor alheio, apressavam o retorno, infelizes.
Não havia saída. Senão amar-se. Senão findar-se.
Do ninho ao vento, sem saber voar. 

Um comentário:

Atílio Alencar disse...

E ainda que cadentes, mansos.