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Trinta anos não curam a ferida de ter nascido,
Nem o passo sequer acerta o chão com mais afinco.
Por sinal, o acerta com menos.
O que se faz com um sonhador que não dorme?
E os anos de relva, de latitudes rasgadas de puro
ímpeto,
De alturas sugadas pelo gozador da juventude; esse
tempo passou?
Tempo em que os goles de água salgada tombadas pelo
mar eram
Incomensuráveis aos... aos... aos... cafezinhos de
esquina!
Saudade? Não. Este é um embrião morto no meu ventre.
E meu ventre, um verme acelerando a decomposição do
verme mais velho.
E os anos de sabedoria, não vêm? Aquelas tardes de
estar na cadeira-de-balanço, cozendo lenta e agradavelmente sob o sol das
constantes, das afinidades consolidadas, das juntas e nervos rangendo contra a
lucidez tenebrosa dos anos de aprendizado, do luminoso amor fati.
Grande merda amá-lo, enfadonho enrugar do tempo.
Ah, que falta faz meu corpo de cágado, era tão mais
avesso às possibilidades...
E debaixo desse logro escuro, desse pasmo e cínico
acolhimento, não deixei de amar, nem de cuidar, nem de valer mais que o meio
milhão de imbecis que brotam por aí, abaixo, acima, aos montes e prenhes de
outros ainda.
Nem de me enganar.
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