quarta-feira, 11 de julho de 2012

Pacas


.
.
Trinta anos não curam a ferida de ter nascido,
Nem o passo sequer acerta o chão com mais afinco.
Por sinal, o acerta com menos.
O que se faz com um sonhador que não dorme?
E os anos de relva, de latitudes rasgadas de puro ímpeto,
De alturas sugadas pelo gozador da juventude; esse tempo passou?
Tempo em que os goles de água salgada tombadas pelo mar eram
Incomensuráveis aos... aos... aos... cafezinhos de esquina!
Saudade? Não. Este é um embrião morto no meu ventre.
E meu ventre, um verme acelerando a decomposição do verme mais velho.
E os anos de sabedoria, não vêm? Aquelas tardes de estar na cadeira-de-balanço, cozendo lenta e agradavelmente sob o sol das constantes, das afinidades consolidadas, das juntas e nervos rangendo contra a lucidez tenebrosa dos anos de aprendizado, do luminoso amor fati.
Grande merda amá-lo, enfadonho enrugar do tempo.
Ah, que falta faz meu corpo de cágado, era tão mais avesso às possibilidades...
E debaixo desse logro escuro, desse pasmo e cínico acolhimento, não deixei de amar, nem de cuidar, nem de valer mais que o meio milhão de imbecis que brotam por aí, abaixo, acima, aos montes e prenhes de outros ainda.
Nem de me enganar.
.
.

Nenhum comentário: