segunda-feira, 6 de agosto de 2012

doido, sem acento


Veleja por essas águas calmas e silenciosas,

Por essas cortinas escuras, por esse

Espelho sombrio da lua, teu olho é o teu momento 

sobre esse fundo difuso.

Vê, esse é o teu quarto,

Teu barco, tua alma, teu claustro.


A deriva, teu bote sinistro

Caminha sem rumo. Vai de um canto

A outro do quarto, animado por não sei

Qual correnteza desse claustro,

Que são os percalços do teu pensamento.

Bate num canto, no outro, volta ao centro

Desse nefasto redemoinho.



Vê agora teu coração, é o corredor

De um imenso orfanato. As lajes frias

Dessas encostas são tuas. A esperança

Confusa que ali ecoa é tua. Os gritos

Dos infantes são os teus. O medo

Agravado da noite é teu:

Companheiro de travessia, tua ilha

E teu travesseiro.


(Olhos abertos e a boca seca...

Costelas a mostra, os pés descalços,
os anjos e as bestas, eis teu núcleo elétrico,
o som das vespas, tua única chance)


Maldito, vejo que não apela ao naufrágio.

Não sucumbe a matéria bruta, por que insiste?

Fecha os olhos para nutrir ainda mais

fundo o teu precipício, vamos, desespere!


Diabo! Não tem limite? Por que não chora? 

Que traz debaixo dessa veste escura?

Ah, deixa-me ver. Credo! Algo de infinito.

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