segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

de costas



...não sei a quem falo.
Fui arrastado pelo caminho.
A quem suplico,
Se a ti, Mulher, estrela ou luz e lágrima
Ou ninguém

Do adro de onde vejo, avesso
Pareces Mulher, e às vezes estrela
Às vezes só a nuvem baça e lágrima
É só Palavra, às vezes eu sei

Me basta e não basta
Veleidade, frivolidade, ódio
Tudo num cálido coração

Persegui teus acentos mais híbridos,
teus enlaces desesperados,
te encontrei nos versos mais pobres
No fim das madrugadas, bêbado,
te elegi miserável.

Fui teu encontro soberbo,
teu resquício inócuo, apenas fiquei para trás
Fui teu rei, tua espada, tua queda
Fui Palavra - sendo teu desterro,
tua impressão viciosa - sendo teu rastro.
E tua hereditariedade macabra: sendo Nada.

O começo, o impulso e a lástima
Fui a ponta dos dedos roçando a relva devagarzinho.
O marido que te perdia acordado, assim
Fui teu adro, cuspido sem casa

Lancei meu Fogo ao feno das águas passadas,
e agora aqueço as mãos sobre as chamas.



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