quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

(sem título)




debaixo de camadas e camadas
de sorte e hábito
encontra-se a cripta onde guardo
minha pequena máquina de Morel

a máquina de superar ausências

não sei como se constrói
não se perguntem
leva tempo, e com o tempo,
vai-se uma leva de amores,
e com essas setas então vazias,
vai-se o tempo de se fazer perguntas frias

também esqueço de escrever sobre mim,
a máquina sabe-me por onde descreve-me
como o lobo e a neve, como o capim e a flor,
como a vida infinita de Turguêniev

mas às vezes a terra treme, a máquina emperra

a alma geme



2 comentários:

Jeferson Cardoso disse...

Todo sofrimento possui uma causa e produz um efeito. O acaso é uma lenda. Gema pela máquina que falha, gema pela máquina que trabalha. Gemer é nosso ofício, eu creio.

Lindo poema! O tempo é e sempre será o nosso maior desafio no reparo das ausências. Um dia também seremos apenas ausência, amigo. Também tenho um blog e ficarei honrado em receber um comentário seu em meu mais recente texto. Um abraço!

Forcadelta5 disse...

**Os português sempre chorando, chorando, chorando sobre os territórios perdidos de séculos atrás. Portugueses burros RACISTAS viver no presente não para o passado!!**


http://portugalisaracistcountry.blogspot.ca/



Forcadelta5