quarta-feira, 20 de maio de 2009

Partícula primeira: um começo

Desdobrando suas idéias, ele pergunta aos psicólogos de hoje onde está o seu espírito, a sua virtualidade, a sua inutilidade. Por quê se ater tão obstinadamente, senão cegamente, ao instante mais fugaz, a ação cravada no presente, a hereditariedade de movimentos em linha reta, apenas? Onde está a imensidão do tempo em ti, cadê teus círculos, pastor de almas perdidas? Perderam a gloriosa largueza e densidade que não têm medida, ou estas jamais foram tuas, esta é a razão da velocidade oca? Ou vazias são essas reclamações do espírito? Neste vagar, ele segue cruzando a rua, nosso mais novo homem do subsolo, Roman Woolgar, rival impiedoso de si mesmo, bem articulado, esbelto na sua melancolia inteligente, em camisa branca bem passada e casaco de terno em linho reles, guarda seus 43 anos de vida, cuja maior parte lutou contra paixões desregradas, sua verdadeira e bendita maldição.

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