domingo, 12 de julho de 2009

Viagem

A leve crueldade de olhar para trás...
Ruidosa, como a saga rasteira da loucura
A queda do sopro aquecido da aurora leva
A esperança de que as fadas venham tocar na cólera,
Enquanto a noite não vem roubar o surto,
Sonho - devaneio e luto - como o bater de asas e desespero,
Castelo de ases desabando, e o ceú
Brilho - de todas as casas vazias - feito cegueira,
Olhares coesos em anéis de tristeza
De onde a força destes móveis e poeira?
Lá, onde o sangue não seca,
Vivo, como as ondas do Atlântico,
Impiedoso como o inferno astral de Deus
O freio da morte imperra o ruído da alegria que cresce
E nasce, como o zelo que inverte os ponteiros do tempo,
Um sabre que degola a maldade do ventre, e derradeiro,
Sobe a montanha dos dias
Esta lâmina - cópula, crime e fastio - prepara o sacríficio da alma
A calma veleidade do homem -
O fim curioso, sereno e tardio, um querer
Do alvo certeiro que some sem ter
Escrito um poema de adeus - será.

Um comentário:

Anônimo disse...
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