quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Trenzinho Caipira
Saudade é uma mistura do domingo com o barro, com a birra, com a angústia de um silêncio eterno por vir: - pai, joga a bola pra mim! Nada suporta o peso quando os joelhos dobram pra arrastar a morte pelo quarto afora; nada fecha a porta quando o estampido explode e sangra o quarto de dormir que acorda, a cama feita, o dia desfeito, o lenço negro que cobre o que não mais se esconde. Agora chora pra estancar o grito, reza pra ensurdecer o alarido dos demônios em volta: - não deixa o menino ver! Não haveria braços estendidos que pudessem impedir a foice, dissipando o atropelo dos coices que a vida dá; não haveria voz pra esvaziar aquele tambor que rufava de dor pela última vez; não haveria abraço pra calar aquele cansaço: - vai ser melhor assim, mãe! O teto rachou com aquele arrepio de Deus, a mãe segurava a cria com uma das mãos, enquanto na outra batia o coração em desespero, esfolado pelo medo que dá ao ver o pior cair de frente tal como espelho, como disparo que empedra os olhos vermelhos, como um relho que sela o devaneio raro do sossego... Todos aprendem a cruzar as pernas do tempo: - vem meu filho, agora papai vai descansar em paz!
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2 comentários:
Tou contigo e não abro.
Ou me abro, rindo.
Texto forte!!! Adorei!! E gostei muito do nome do blog...Parabéns
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