sábado, 29 de maio de 2010

atende por todos os nomes

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não me farto do amor, nem me furto desse roubo em nós
essa coisa, esse ouro,  esse papel o mais vagabundo
colado na sola dos nossos sapatos
perseguindo até o fim da estrada, como se fosse reles
nosso dia, nossa an-dança, nossa pequena folha rastejante

estamos indo pra onde, parece inquirir o vento
e venta calma, a derradeira brisa no meu rosto exausto
que ao te ver turva o próprio leito e derrama
sobre as mãos nervosas, não, sobre o corpo em surto
o desejo de ser de todas as coisas e teu

cultivamos sem saber do desespero que espera
esse amor do ventre às pontas dos dedos
na fortaleza de uma bola de sabão
não é belo cortejar o sopro que nos estoura?


volta a brisa amena pra secar nossa lágrima escura
e coragem pra nos despedirmos com carinho
faz-se as pazes com a felicidade e o adeus
e a vida inteira se condensa no segredo de estender as mãos

Um comentário:

Atílio Alencar disse...

Tardo aqui pra não dizer muito: só da alegria quase triste de reler estes versos. Caiemos a casa, Daniel. Que amanhã vai fazer sol.