sexta-feira, 9 de julho de 2010

o deslize é um acerto incerto

as mãos têm a destreza de um incêndio
quando o corpo fumaça recende
e as pálpebras simulam janelas cerradas

a pele é um frasco de fogo ao avesso,
e a vida tem o mesmo cheiro e arde
quando as narinas são baldes de aconchego

o peso e a fresta são amigos do vento,
e os vãos e as fossas me adentram afora
que os pés são rastilhos do tempo

e se a noite dos amantes é tormenta,
as horas - estas não sei como dizer -
são as vísceras dos meus olhos riachos!

Um comentário:

Pâmela Grassi disse...

Daniel,

Os deslises com outros blogs, aqui trouxeram-me. Gostei do blog, das escritas úmidas, que descem pela água do lago para tocar a luz,

lembra da cecília meireles, do rubem alves e de tantos outros poetas e poetisas que resgatam uma das assências da escrita: a busca pelo seu instante úmido,