quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Kairós, o crônico

pode parecer ópio cantar felicidade em tempos ruins, talvez seja o frio, talvez sejamos nós, nós todos, amigos, talvez a secura do ar enxugue a tristeza inteira, quem sabe as linhas, as lãs de aquecer, os novelos da infância têm fim, eu extenuo no problema bobo de olhar o céu e perguntar, alguém estelar consente às noites responder que sim, os açudes verdes estão quietos, a palavra dá voltas no silêncio, penso: aquele canto esquecido cultivou a pirâmide de pó que o esconde, os segundos são egípcios, o tempo pode engarrafar o álcool, mas não pode engarrafar os bêbados d'alguma coragem, de minar as correias do medo e da melancolia; avisa que é de se entregar, diz o primeiro, ya no puedo reaccionar, diz o segundo... um terceiro, ardentemente cru, diz que é pra viver, em seguida, diz que é pra morrer, não-contraditoriamente para a overdose da identidade; é bonito ver tudo nisso ainda bonito, e não se encerrar, e reagir, e dormir outra vez que o corpo deixa de ser luta e sonha de novo e sempre a tez do mar tranquilo que o fez vida, futuro desperdício início da cria de um mundo solar, é dar as costas ao vento que faz andar, é um estupor aqui, gelo ruído debaixo das peles serpentes, zelo das gentes que fazem o vermelho de marte sossego, entardecer não é fácil, tudo isso é óbvio, nada ainda é uma volta por cima, a severidade das horas, o momento exato, a contradição, de estar em cacos, nem de todo estilhaçado, não ligar-se nem desligar-se, paralisado


vai dizer ao coração do louco que um é do outro apenas metáfora...

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