sábado, 25 de setembro de 2010




aquelas formas nuas, aquelas redomas
sufocam estreitas quase tudo,
aquele escândalo,
aquela dália, lentamente salivada
aquele mal proteiforme,
aquele passado de fósseis, aquela rua
tantas vezes carne e já me alimento de nomes
tantos rastros e sumiços de um amor, nem sempre revolto
nem sempre pronto,  sempre pouco
pouco se sabe quando vem a hora de atirar-se à primeira onda
(evitando as pedras)
e toda certeza quando se encontra as pernas ardendo ao chicotear a espuma

desenhei nos azulejos a tormenta,
com os olhos pretos,
enquanto o vaso esperava mais de mim...
enquanto as sobras dormiam feito delícias
enquanto era simplesmente adeus
enquanto deitavam as roupas
enquanto enganávamos as sombras
enquanto ninguém sabia
enquanto pairavam sobre a laje tenra de sol
enquanto a primavera
enquanto morria
enquanto o fim
enquanto esperavam quietos os dedos e os avisos
enquanto teu riso se abria, se abria
enquanto eu ria
enquanto de nada o pó que eu fazia com  os desenganos
levaram longe o só que de mim saia aos prantos
enquanto entardecia
enquanto zombava na despedida todo o cheiro do nosso futuro,
enquanto gemia o absurdo, enquanto quebravam-se os ossos
enquanto a lua exibia o rosto, enquanto morto
enquanto velho
enquanto  o teto desabava e sobrava única a vida na escada de incêndio
enquanto o médium descrevia o surto
enquanto o ninho tornava sacrifício a vida do outro
enquanto



eu tremia

2 comentários:

dansesurlamerde disse...

lindo.

e falando em dália: http://dansesurlamerde.blogspot.com/2009/08/notas-achadas-em-um-minusculo-caderno_19.html

beijo.

Camila Costa Silva disse...

forte. tua narrativa desperta.