quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Sempre Mais

A diamantes que não sei traduzir.
Aos olhos que eu amo.
A Ti.




Sei que não dizes. Ou melhor, dizes bem - mais -, não dizendo.

Sei que te cabes melhor os Issos na boca que os nomes comuns.

Vejo! Com meu verde gotejando no teu azul. Vejo sempre com Saudade.

E teu Amor incomum, incomunicável me vê. Descerra. Destrói.


Sabes doer, arder, abrir. Sabes mais e melhor que eu não Saber.

Sabes suspender o Abismo com o toque sem pele dos teus olhos.


Sabe-me Paz quando a Serpente se enrola Aqui, bem aqui, e se mexe. Dentro.

Eu: ritornelo Te esperando. "Mais! Disso Mais, Mais, senão Morrer..."



(As vezes enfeito a tolice. Tolo mais ainda. Fraco:


Um barbante arrebentando. Um retardo. Dardo Alvo Falho. Pária).

És mais Hilda do que eu pensava. Sabes de amar tulipas e avencas.

E fodes com a carne, com ossos. Com destroços: os Meus, os Nossos.



O que não sabes? Se houver das ignorâncias a mais bonita das infâncias: Tu.

Fragilidade florida em chumbo. Pesadume em leves tons e plumas:
Tu.

Sabes? Queria viver ao teu lado. Queria soprar luz por cima de Ti.

Falo esse Amor apertando os olhos. Corridos de tanta felicidade. Eu amo:

Como a criança de mãos cheias de cacos e sangue, diz: Olha: Diamantes


Parte de mim: perde-Te. Parte: Medo. Engole-Te. Foge. Molha.

Tem pedaços também. Devassos, devassados, Primeiros, putos, Virgens.

Um lugar bonito. O Nascimento: Tu me encharcas a alma de chão.

Meu lirismo parco: fazes pó com ele. Sob teus pés aveludados me drago. Inteiro.


Delírios menores também. De um homem por vezes nu, ou cru, ou sujo.

O ciúme infante de um passado em ausência. O gelo de um futuro que: Talvez


Outros bem maiores. Felizes. De tardes vagabundas no outono. Um pouco de

Mato. E as narinas perfumadas de silêncio. Um naco de Vida qual todas as


Fomes invejam. Mais: nada tão-só outra vez. Nunca mais.


Tua falta: meu gigante de olhos vermelhos. A memória triste em sépia.


O mesmo corte à noite.  Túrgido. A morte. O vento.
Meu uivo. As ruas vazias.

É disto que me arrasto. Sem passo, Largo. Quieto, Grita. O pólen do Tempo.


E no revés teu Nome funde-se no Carinho. Teu gesto recolhe as Farpas.



Eu dobro a Insegurança. Reviro-a em teu nome. Entrego-a na forma de Humor.

Senão Tuas formas, Teu neutro que me apaga. Tua terra inóspita, acredite.

Que há de mais bonito. Que há de mais generoso de Tua parte. Tua mágica.

Faz-me menor e Melhor. Teu espelho Branco. Torna-me cativo e Menino.


Sabes? Se quiseres, agora pode cortar meus braços também. Agora somos.

Abraço. Podemos nos rir. Tropeçar em mais de dois pés. Soprar mansinho


A vela de duas solidões verdadeiras. Disse-Te: Desejo. Pude soluçar um sonho!
 
Quem sabe? De fazer-nos um rasgão no céu. Desacordar aquela estrela. Nós Dois.


Lembra no rosto o sal no escuro? É mais que a verdade. É amor. Issos na tua boca.

Que a minha não sabe. De promessas que são vestes no fogo. Não iludo-me.


Torturo-me. Os espinhos são doces. E as manhãs tranquilas: chicotadas. Adoeço.

Afoga meu eco, este barulho mentido, nas tuas gotas de insanidade. Apaixona-Te.


Deixa-me. E Deixa-me sempre mais perto. Até respirar nos teus pulmões.

Até pulsar nos teus corações. Deixa-me. E Deixa-me vadiar mais em Ti.

Sobrar nos avessos, calar na borda da tua Nebulosa. Cozer nos teus braços.

Deixa-me. E deixa-me falecer no teu gozo. E deixa-me morrer e viver em Ti.

Arriscar meu sono em todos os amanheceres. Tua luz, tua Lua. Sempre Mais.


Eu sei. Nada vai dizer o que engasga. Vou lá. Polir a Dor. Eu volto. Eu Te amo!




 






2 comentários:

Unknown disse...

é lindo demais, já reli três vezes. tens tudo aqui para nunca mais precisar dizer nada. belo texto para iniciar meu ano!! um fortíssimo abraço!!

alice disse...

sei lá. só sei que é difícil não tocar, não doer e não morrer com essa composição toda. de longe assim,e tão perto, me fez bem.