Sentei na cadeira que te deu assento,
Estendi a mão buscando o palmo
Onde a tua, supostamente, havia pousado.
O fantasma delicado destes traços
Ganhava agora textura e gosto antes desencontrados.
Deu de vir à tona nessa hora uma velha esperança,
Mas a hora já ia tarde.
Deu vontade de seguir teus passos.
Mas teus passos já iam longe. Deu vontade, então, de engolir
Distâncias; de engolir-te inteira; de voltar atrás e engolir o tempo.
De nem saber mais ter vontade, a saudade engasgou.
Senti a marca da minha boca nesse quase-corpo,
Tua alma já cabia no claro esboço desse quase-amor.
Deu de vir aos olhos - nesse espaço sem vozes,
a graça de um gafanhoto sonhando
textura e gosto de estar de novo em casa;
deitar na grama; respirar
Não posso ir. Não sei voltar -
3 comentários:
É incrível como a poesia se faz mais bela quando a preocupação de externar o sentimento do eu-lírico é maior que acertar métricas e rimas. Belo poema!
"Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta."
Vício de facebook: procurar a opção "curtir" abaixo dos comentários. Obrigado pela visita!
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