segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma canção de ninar



Como se não houvesse mais que

A simplicidade do abandono.

Um buraco cada vez mais largo e vazio,

Cada vez mais difícil, mais difícil...

Dizer este impossível, incompleto luar



O calabouço noturno dos cafés,

As esquinas e postes giratórios

E o rotor insustentável das sensações:

Nada se conforma nestas hélices doídas



Nem o uivo dos cães é bonito

Debaixo dessas cortinas de brilho estático

Debaixo desses telhados deprimidos

No interior desse moinho sinistro: o coração



Um raio, uma adaga, um disparo,

uma manada, o bom deus, Belzebu

um SMS da sétima lua de Saturno!

– nada disso.



Apenas o insólito conforto do algodão

E um telescópio voltado para dentro

- a procura de um ultraleve acontecimento



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